Escrito por: Concita Alves

RN: Prefeito de Mossoró agradece Rogério Marinho por veículos entregues na campanha

Coordenador da campanha de Bolsonaro no RN e ex-ministro do Desenvolvimento Regional foi citado em áudio do prefeito de Mossoró por caminhões entregue à prefeitura durante campanha eleitoral

Foto: Claudio Rafael

Ainda inconformado com a derrota de Jair Bolsonaro(PL) nas eleições de 30 de outubro, o senador eleito Rogério Marinho (PL-RN), segue desviando o foco dos assuntos que o envolvem em suspeita de uso de poder político e econômico durante o campanha eleitoral.

Nessa segunda-feira (21), dia em que seu nome voltou à mídia local depois que o Ministério Público do Rio Grande do Norte (MPRN) informou que está investigando um desfile realizado pelo prefeito de Mossoró (RN), Allyson Bezerra (Solidariedade), durante campanha eleitoral, ao invés de explicar a nova denúncia, o indignado senador eleito criticou a indicação de representantes dos trabalhadores para os grupos de trabalho da equipe de transição do presidente eleito, Lula (PT). A defesa dos direitos dos trabalhadores é outra coisa, além da derrota de Bolsonaro, que incomoda e muito Rogério Marinho que, quando pode, faz de tudo para retirar as conquistas trabalhistas. 

Em vídeo publicado na página do blog da cidade no Instagram, o prefeito de Mossoró desfila e mostra os 14 veículos entregues pela Companhia de Desenvolvimento dos Vales do São Francisco e do Parnaíba (Codevasf) em plena campanha eleitoral. Na oportunidade, Allyson gravou um vídeo agradecendo ao senador eleito Rogério Marinho e ao presidente Bolsonaro pela entrega.

Este ano, Bolsonaro sancionou lei que permite a doação onerosa de bens, valores e benefícios da administração pública a entidades privadas e públicas, mesmo no período eleitoral, o que beneficia quem está no cargo. Até então, a legislação eleitoral proibia, em ano de eleição, a distribuição gratuita de bens, valores ou benefícios por parte da administração pública, exceto nos casos de calamidade pública, de estado de emergência ou de programas sociais autorizados em lei e já em execução orçamentária no exercício anterior.

Distribuir bens para conseguir votos foi uma rotina na vida do ex-ministro do Desenvolvimento Regional, que perdeu a eleição em 2018, quando disputava cargo de deputado federal após trabalhar arduamente para tirar direitos dos trabalhadores. Marinho  foi o relator da reforma Trabalhista, que alterou mais de 100 itens da Consolidação das Leis do Trabalho (CLT) e árduo defensor da reforma da Previdência, as duas heranças malditas que o ilegítimo Michel Temer (MDB-SP) e Bolsonaro deixam para os trabalhadores.

Por isso, Marinho critica a presença dos defensores dos direitos dos trablhadores no grupo de transição ao invés de explicar as graves denúncias de que é acusado. A maioria foi denunciada no ano passado, quando Rogério Marinho ainda era o chefe do ministério, entre 2020 e 2021, segundo e terceiro anos do governo Bolsonaro, em que a Codevasf, comandada pelo Centrão, recebeu R$ 3,6 bilhões em emendas parlamentares para obras que não tiveram o valor real de execução comprovados.

A Codevasf, é uma estatal vinculada ao Ministério do Desenvolvimento Regional, e acelerou nas últimas semanas do período eleitoral as entregas de máquinas, veículos e produtos a redutos de padrinhos de emendas parlamentares, liberando verbas em um ritmo de R$ 100 mil por hora. Até março de 2022, a Codevasf era subordinada ao ministério comandado por Marinho  que se afastou do cargo para ser candidato ao Senado pelo Rio Grande do Norte nas eleições deste ano.

Nas 50 licitações que venceu em 2021, a Engefort deu em média um desconto de apenas 1%, o que foge do padrão de mercados em que há competitividade normal. Considerando todas as licitações realizadas pela Codevasf desde o primeiro ano do governo Bolsonaro, o desconto médio despencou de 24,5% para 5,32% em três anos.