Escrito por: Concita Alves
Pelo menos R$ 123 milhões das verbas vieram do Ministério do Desenvolvimento Regional, órgão comandado por Marinho, até março 2022
Na última semana do governo do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), o então senador eleito pelo Rio Grande do Norte (RN), agora já empossado, Rogério Marinho (PL-RN) intermediou a destinação de cifras milionárias a aliados numa tentativa de ganhar potenciais eleitores na eleição para a presidência do Senado. Apesar disso, o senador Rodrigo Pacheco (PSB-MG) foi reeleito para o cargo.
Mas, a ação de Marinho, que escancara o modus operandi do senador bolsonarista, mostra que ele contava com total apoio do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL). De acordo com a coluna de Guilherme Amado, do Metropoles, o governo “burlou” a proibição do orçamento secreto e destinou R$ 6 bilhões em verba que seriam das emendas de relator – nome oficial do orçamento secreto – para investimento sob controle dos ministérios. A operação foi feita por meio do Sistema de Indicação Orçamentária (Sindorc), montado para “formalizar” o orçamento secreto.
Dos R$ 414 milhões liberados aos senadores, segundo a publicação, pelo menos R$ 123 milhões vieram do Ministério do Desenvolvimento Regional (MDR), que foi comandado por Marinho durante dois anos. Mesmo após deixar a pasta para concorrer a vaga no senado, sua influência no MDR se manteve intacta.
O orçamento secreto foi proibido em 19 de dezembro, pelo Supremo Tribunal Federal (STF), após ser alvo de críticas pela falta de transparência e por beneficiar somente alguns parlamentares. Segundo o colunista, o MDR enviou aos parlamentares um modelo de ofício para que os pedidos de verba fossem apresentados como se fossem de prefeitos, contornando a decisão do Supremo.
Não há potiguares na lista dos 'beneficiados'. No levantamento dos montantes distribuídos, o maior beneficiado foi o senador Lucas Barreto (PSD-AP), que obteve R$ 69,9 milhões e declarou voto em Marinho. Chico Rodrigues (PSB-RR), flagrado com dinheiro na cueca em 2020, não declarou voto em Marinho, mas recebeu R$ 55,5 milhões, mesmo caso de Zequinha Marinho (PL-PA) que fatiou R$ 30 milhões. Ao todo, foram 14 parlamentares. Destes, sete votaram em Marinho, três não declararam voto e quatro optaram por Pacheco.
Uma exceção na lista foi o próprio Pacheco, que conseguiu R$ 56,8 milhões nas indicações que tinha feito. Ele já tinha direito às verbas pelo fato de ocupar o cargo.