Trabalhadores são os mais vulneráveis frente a onda de ataques e violência no RN

No 4º dia de ataques criminosos que atingem pelo menos 45 cidades do Rio Grande do Norte (RN), apesar da onda de violência nas ruas e da falta de transporte coletivo, os trabalhadores e trabalhadoras se arriscam para cumprir a jornada porque o comércio, em especial, os shoppings, não alteraram seus horários de funcionamento em Natal. 

Indiferentes aos riscos, o shopping Midway ainda tentou atrair mais clientes no Dia do Consumidor (15) em uma publicação nas redes sociais gerando revolta entre os internautas. São vários os comentários reclamando da permanência do horário de funcionamento do shopping. “Coloquem a comemoração de hoje para outro dia, e liberem os funcionários”, sugere um dos internautas que comentaram a postagem. 

 

 

 

 

 

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Uma publicação compartilhada por Midway Mall (@midwaymall)

A expectativa é que os transportes públicos, circulando com frota de emergência, estejam nas ruas até às 19h, pois o uso dos aplicativos de transportes se tornou inviável, chegando a triplicar o custo da viagem.

Aproximadamente 53 municípios do estado, escolas, universidades, órgãos, ônibus e trens urbanos suspenderam aulas e atividades em virtude dos episódios de violência. No entanto, os trabalhadores de shoppings centers de Natal, foram obrigados a sair de casa, arriscando suas vidas, para trabalhar normalmente, mesmo sem a garantia de transporte público.

O presidente do sindicato dos empregados em comércio no estado (SECERN), Eduardo Martins, informou que “diante dessa situação, o sindicato entrou em contato com a Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado do RN (Fecomércio), para que eles encaminhassem ao setor logista a ideia de redução do horário para fechamento. E que, em caso de falta ou atraso do trabalhador nesses dias, seria abonado e acrecido à empresa, a responsabilidade pelo translado do trabalhador(a), enquanto enfrentamos essa situação em nosso estado."

Eventos públicos estão sendo cancelados diante da insegurança, enquanto as categorias de trabalhadores, se pronunciam através de notas públicas, veiculadas na mídia e em suas redes, solicitando segurança e flexibilização da jornada de trabalho, além do translado para os trabalhadores.

“Infelizmente, estamos passando por dias difíceis, devido os atos criminosos que assolam nosso estado. Essa situação tem causado medo e terror aos trabalhadores em geral. Para nós funcionários dos Correios que estamos todos os dias atendendo a população, esse terror tem sido intensificado após duas viaturas dos Correios serem incendiadas. Entretanto, contamos com o governo do estado para que juntos possamos vencer essa violência”, pontua Esiêdla Andrade, presidenta do Sindicado dos Trabalhadores em Empresas dos Correios, Telegrafos e Similares – SINTECT/RN,

A Fecomércio-RN,  emitiu nota nessa quinta-feira(16), ressaltando apenas, a abertura dos estabelecimentos comerciais: "Mesmo com o clima de insegurança causado desde o início da semana e com os riscos iminentes ao patrimônio, os comerciantes seguem abrindo seus estabelecimentos para atendimento às necessidades da população. É uma situação extremamente grave, que merece uma atenção diferenciada e urgente das forças de segurança pública, com a imediata adoção de medidas que sejam eficazes para debelar a crise que nos assola e retomar a normalidade tão desejada pela população”, destacou.

Os ataques continuam no Estado

Nessa sexta-feira (17), mais de 60 ataques em cerca de 45 cidades, foram registados em todo estado. Em Natal, um galpão da Secretaria de Mobilidade Urbana de Natal (STTU) foi incendiado, na Ribeira, com perda de 14 motocicletas. Também houve ataque e incêndio a uma das guaritas do Parque da Cidade, no bairro Pitimbu, local utilizado para caminhadas e prática de esportes. A prefeitura de São Gonçalo do Amarante(RN), na Grande Natal, teve a sede da secretaria municipal de saúde atacada, onde um depósito de medicamentos foi incendiado. Em Parnamirim(RN), um carro foi incendiado, nessa manha.