O projeto foi idealizado no governo da presidenta Dilma Rousseff, mas abandonado pelos governos posteriores. A escolha pelo Rio Grande do Norte se deu a partir de estudos técnicos
A Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos (Correios) anunciou, nesta terça-feira (20), a construção de um centro internacional de distribuição de encomendas no Rio Grande do Norte, o Hub dos Correios. O anúncio foi feito pelo presidente da estatal, Fabiano Silva dos Santos.
O centro de distribuição de encomendas, a ser instalado no Aeroporto Internacional Governador Aluízio Alves, em São Gonçalo do Amarante, será o primeiro do Nordeste e o quarto instalado no Brasil, já que atualmente eles se concentram nas regiões Sul e Sudeste, especificamente no Rio de Janeiro, São Paulo e Curitiba. A empresa não divulgou valores de investimentos e data de início da construção.
A expectativa é que, a nova estrutura do 'Hub' dos Correios seja capaz de processar 40 mil encomendas por dia. Os outros três centros em operação, atualmente, se concentram nas regiões Sul e Sudeste, no Rio de Janeiro, São Paulo e Curitiba.
A escolha pelo Rio Grande do Norte para sediar o centro, segundo a estatal, se deu a partir de estudos técnicos. De acordo com os Correios, o Nordeste recebe cerca de 23% das encomendas internacionais entregues pela estatal hoje no Brasil.
“Ao levarmos o centro para o Nordeste estamos gerando milhares de empregos na região. Não estamos levando apenas infraestrutura, mas consolidando a vocação local de se tornar um polo logístico, o que desperta o interesse de outras empresas também”, disse o presidente dos Correios, Fabiano Silva dos Santos.
Para o secretário de Comunicação da Federação Nacional dos Trabalhadores em Empresas de Correios, Telégrafos e Similares (Fentect), Emerson Marinho, a instalação e a escolha do estado deve ampliar o número de empregados da empresa não só no Nordeste, mas em todo o Brasil. Somente no Rio Grande do Norte a expectativa é da geração de 100 empregos diretos e 200 indiretos.
“Um belo gol do governo Lula, que coloca em prática uma antiga reivindicação do nosso ramo, que é a disputa de mercado de encomenda, um mercado ainda emergente no Brasil, contrapondo a política de sucateamento e desmantelamento do governo Bolsonaro, que tinha como projeto privatizar os Correios”, declarou Marinho.
Além de fortalecer o potencial de desenvolvimento do Aeroporto, o centro facilitará as atividades de importação e exportação da região, impulsionando o comércio internacional e proporcionando mais acesso ao mercado brasileiro para os vendedores de comércio eletrônico internacionais.
“É um sonho e uma luta ainda do tempo que eu era deputada federal. Traz empregos, desenvolvimento econômico e insere nosso estado de forma estratégica nessa política de reinvestimento na empresa pública”, ressaltou a governadora do Estado, Fátima Bezerra ao destacar que a confirmação de instalação do Hub.
Pauta antiga no RN
A ideia do "hub" dos Correios no Rio Grande do Norte era pauta antiga. Trata-se de um projeto idealizado na época do governo da presidenta Dilma Rousseff, mas que foi abandonado. Ainda em 2016, a própria administração do Aeroporto anunciou a implantação de um hub dos Correios - uma central internacional de cargas - prevista para entrar em operação em 2017, porém o projeto foi paralisado.
Em encontro recente com o presidente dos Correios no mês passado, a governadora Fátima Bezerra já havia recebido o aceno de que o Estado receberia o centro internacional. Nos últimos seis meses, o 'hub' foi pauta de audiências da governadora em Brasília. Depois de apresentado diretamente ao presidente Luís Inácio Lula da Silva, o projeto foi tema de discussão com o ministério das Comunicações e com o presidente dos Correios, Fabiano Silva dos Santos.
Investimentos no país
O maior investimento anunciado é para a construção, em Brasília/DF, de um moderno complexo operacional para abrigar as operações de tratamento, além de um centro de logística integrada. O aporte no complexo é estimado em cerca de R$ 190 milhões, entre obras e equipamentos. Com mais de 40 mil m2 de área construída, o prédio receberá uma máquina de triagem de encomendas com capacidade para tratar 300 mil objetos por dia, o que representa um aumento de 700% em relação ao tratamento manual realizado atualmente. A estatal informou que também já foram licitadas as obras para reforma, ainda neste ano, de mais de 400 agências dos Correios em diversos Estados brasileiros. O planejamento da estatal prevê que todas as mais de 6 mil agências da rede própria sejam reformadas nos próximos três anos.
A empresa informou que mais detalhes sobre o centro e sobre as agências que serão reformadas em 2023 serão divulgados nos próximos dias.