Codevasf afasta gerente acusado de corrupção, mas paga salário de R$ 20 mil
A estatal, que era subordinada ao então ministro Rogério Marinho, ficou conhecida pelo esquema de corrupção conhecido como Bolsolão
Publicado: 30 Janeiro, 2023 - 10h48 | Última modificação: 30 Janeiro, 2023 - 12h04
Escrito por: Redação CUT
A direção da Companhia de Desenvolvimento dos Vales do São Francisco e do Parnaíba (Codevasf), que protagonizou o escândalo chamado de Bolsolão no governo de Jair Bolsonaro (PL), afastou um gerente acusado de corrupção, mas manteve o salário dele R$ 20 mil por mês.
O gerente afastado do cargo após ser acusado de receber R$ 250 mil em propina da empresa Construservice, segundo a Polícia Federal, é Julimar Alves da Silva Filho, da Gerência Regional de Empreendimentos da Codevasf no Maranhão investigado por fraudar licitações no estado. Ele também avalizou um convênio da empresa com a prefeitura de Vitorino Freire (MA) para fazer uma obra que beneficiou seu antigo conhecido, o ministro das Comunicações, Juscelino Filho, que enviou R$ 5 milhões do orçamento secreto para asfaltar uma estrada que passa em frente a fazendas de sua família, e onde o ministro construiu um heliponto e uma pista de pouso particular, denuncia reportagem do Estadão.
A Codevasf confirmou ao jornal que afastou o servidor, mas ele continua recebendo salário. Julimar está proibido de entrar na sede da empresa. A última remuneração disponível no site da companhia mostra que o acusado teve um salário bruto de R$ 20.129,19 em dezembro do ano passado – o valor líquido ficou em R$ 5.882,86.
Conhecida como a “estatal do Centrão”, a Codevasf é vinculada ao Ministério da Integração e do Desenvolvimento Regional. No governo Bolsonaro, a pasta era comandada pelo ex-ministro Rogério Marinho (PL-RN) a se chamava apenas “Desenvolvimento Regional”.
A empresa serviu de duto para escoar o dinheiro do orçamento secreto, como mostrou o Estadão em uma série de reportagens. Os contratos da Codesvaf foram investigados pelo Tribunal de Contas da União (TCU) e também pela Polícia Federal e Controladoria-Geral da União (CGU) por direcionar recursos para obras com suspeita de superfaturamento.