Escrito por: Concita Alves

"O povo pode? " Documentário traz face de Lula e revisa história recente do país

“O povo pode? – Um país pelo olhar de brasileiros”, terá exibição gratuita na Cervejaria Resistência, seguida de debate com o diretor Max Alvim, quinta-feira (26)

Foto: Divulgação

A vivência de quatro nordestinos e sua relação com a história do ex-presidente. “O povo pode? – Um país pelo olhar de brasileiros”, do cineasta Max Alvim, será lançado dia 26 de Janeiro, em Natal(RN), na Cervejaria Resistência, Ponta Negra.

A história de Luiz Inácio Lula da Silva se confunde com a caminhada de muitos outros brasileiros. Movimenta sentimentos intensos de identificação e admiração. Afinal, entre 2003 e 2015, cerca de 30 milhões de pessoas saíram da pobreza extrema graças a programas e políticas iniciados por ele em seus dois mandatos como presidente. Alguns desses brasileiros e brasileiras contam suas trajetórias em primeira pessoa no documentário.

A questão central do filme não é apenas investigar se o povo pode. É quando ele pode, como ele pode e o que ele pode.Na abertura, em off, a voz do narrador explica que o trabalho narra os acontecimentos que nos últimos seis anos (a referência é 2021) levaram o Brasil ao caos em que se encontra. Não por acaso, a primeira imagem do longa-metragem exibe a Avenida Paulista de cabeça para baixo. A narrativa, no entanto, é focada não nos atores da política formal, mas nas falas e vivências desses quatro trabalhadores nordestinos e sua relação com a história do ex-presidente Lula.

Lula já foi retratado várias vezes no cinema, entre elas no documentário “Ao Sul da Fronteira”,do norte-americano Oliver Stone, e no longa “Lula, o Filho do Brasil”, de Fábio Barreto e Marcelo Santiago. Em alguns trabalhos, o ex-presidente aparece como personagem central, como no documentário “Entreatos”, de João Moreira Salles; noutros, ele é o pano de fundo para retratar o contexto de onde surgiu, como em “Peões”, de Eduardo Coutinho.

Para Alvim, “O povo pode?” consegue trazer uma nova perspectiva a partir do mesmo icônico personagem. “Eu sempre disse que Lula não precisa de documentários. É uma figura pública com estatura tão grande que suas ideias, obras e práticas políticas são demasiadamente conhecidas da população. Por isso, este documentário buscava mais o olhar do Lula que o próprio Lula. Eu creio que o Lula que o documentário traz está impresso em muitas vozes, não só na dele, e isto pode apresentar uma nova face deste homem que marcou nossa história”, justifica. O povo pode? - Veja trailer.

Dentro dessa perspectiva, a proposta do filme, segundo seu diretor, é investigar o que o povo pode, quando e como pode. “Por um lado, a questão está na potência, na condição de poder, mas no outro está na orientação, na politização, na ideologia que o povo carrega, quando ‘pode’”, explica. A ideia do título foi tirada de uma fala de Lula sobre a intenção de sua prisão, que aconteceria efetivamente depois. “Eles querem me prender, mas não se prendem ideias, e Lula é uma ideia, a ideia de que o povo pode”, disse o ex-presidente na caravana Lula pelo Nordeste, em 2017.

“O povo pode?” já está inscrito em mais 20 festivais mundo afora. Apesar disso, sua distribuição segue a mesma ideia desde o início do projeto: levar o filme ao maior número de pessoas possível, valorizando as exibições públicas e gratuitas sobretudo para aqueles que não têm acesso ao cinema. “Nós vamos exibir em praças públicas, sindicatos, universidades, cineclubes, movimentos populares, periferias e, numa segunda etapa, na internet".

A ficha técnica tem direção, roteiro e montagem Max Alvim; assistência de direção: Paulo Alberton; direção de fotografia Aldo Ribeiro; pesquisa de Max Alvim e músicas originais de Arismar do Espírito Santo.

MAX ALVIM é documentarista, diretor de televisão e consultor, atuando há mais de 35 anos no planejamento, produção e direção de programas de televisão e internet. É responsável pela pesquisa, montagem, roteiro e direção de “O povo pode? – Um país pelo olhar de brasileiros”. Seu primeiro longa-metragem, em co-direção com o publicitário Mauro di Deus, foi o documentário “Cuba Jazz”, que narra, através de depoimentos de cubanos ligados ao jazz, de shows e de cenas da vida cotidiana de Havana, o arranjo cultural que faz possível a existência nessa ilha do caribe.