CBTU é incluída em plano de privatização do governo
No último dia 3, o presidente Jair Bolsonaro decretou que a CBTU está incluída no Programa Nacional de Desestatização - PND
Publicado: 06 Setembro, 2019 - 13h55 | Última modificação: 06 Setembro, 2019 - 14h04
Escrito por: Bruna Torres
No último dia 3 de setembro, o presidente entreguista Jair Bolsonaro (PSL) decretou, através do Diário Oficial da União (DOU), que a Companhia Brasileira de Trens Urbanos (CBTU) está incluída no Programa Nacional de Desestatização (PND) do governo federal. Ou seja, o presidente anunciou que a Companhia poderá ser vendida a qualquer momento para iniciativa privada.
De acordo com o servidor da CBTU e um dos coordedadores do Sindicato dos Ferroviários (Sintefern), Ozias Vieira, com esse ataque do governo Bolsonaro, o Sindicato tem se preocupado com os trabalhadores e com a empresa em si. Visto que o processo de desestatização implica na possível demissão em massa dos trabalhadores ou de precarização nos contratos dos que já fazem parte da empresa e de novos empregados. Atualmente, os empregados contam com planos de saúde e vales transportes cedidos pela CBTU, os quais se teme perder.
O coordenador do Sintefern explicou que do primeiro mandato do governo Lula ao golpe, o preço da passagem de trem, em Natal, custava R$ 0,50. Quando Temer assumiu, uma de suas primeiras medidas foi aumentar a passagem em 100%, para R$ 1, sem nenhum dialógo com o povo. Contudo, houve resistência da organização sindical e o preço voltou ao normal com bastante pressão.
Entretanto, depois que o presidente atual assumiu, os ataques contra à companhia voltaram. A passagem que custava R$ 0,50 subiu para R$ 0,70; posteriormente aumentou para R$ 1; no próximo sábado (7), o novo ajuste leva a passagem à R$ 1,20. Mas as mudanças não param por aí, dois outros valores estão pré-estabelecidos para o próximo dia três de novembro e depois para o mês de março de 2020, elevando a passagem a R$ 2, como foi determinado judicialmente, restando ao sindicato apenas aceitar a decisão legal.
A preocupação do Sintefern, contou Ozias, com a ameaça de privatização batendo à porta, é o aumento futuro nos preços das passagens de trens caso a iniciativa privada administre, ultrapasando os R$ 2. “Para além de transporte, a CBTU é um transporte social e nasceu com essa finalidade, quando foi fundada em 1984”, declarou Ozias. Para o Sindicato, a privatização é um desmonte ao direito social de mobilidade urbana das pessoas mais carentes, principalmente daquelas que vivem na região metropolitana e por onde a linha passa.
De acordo com pesquisas levantadas pela CBTU, o trem é a primeira opção de quem mora próximo à linha férrea. Em Natal, são cerca de 13 mil usuários por dia usando o transporte, com maior pico entre os primeiros horários da manhã e perto da hora do almoço, sendo a linha Ceará-Mirim/Natal a mais usada. Enquanto nos outros estados em que a Companhia também existe, existe metrô em Recife e Belo Horizonte.
A importância da CBTU, além de ser uma empresa estatal e cumprir com a função social, é funcionar como transporte resonsável de pessoas entre trilhos, a um custo justo para os mais pobres. Por isso, é estritamente necessário defender a Companhia, mobilizar a categoria e explicar aos usuários qual o objetivo do governo Bolsonaro.