CUT retoma os trabalhos da Comissão Operativa de Energias Renováveis no Nordeste
Com foco na construção de agenda 2025 e dos encaminhamentos para o debate de defesa do meio ambiente, das comunidades rurais e trabalhadores da agricultura familiar
Publicado: 07 Fevereiro, 2025 - 13h40 | Última modificação: 07 Fevereiro, 2025 - 18h02
Escrito por: Concita Alves

A Central Única dos Trabalhadores(as) juntamente à comissão operativa de trabalho sobre as energias renováveis, formada por Escola Nordeste da CUT, sindicatos da mineração, setor elétrico, metalúrgico, rurais, entidades sindicais, entidades de defesa do meio ambiente, mandatos populares, Universidades, federações e movimentos sociais realizaram em Natal(RN) reuniões, nessa primeira semana de fevereiro, para retomar o debate sobre transição energética no estado, os impactos e violações - direitos ambientais e sociais, e a construção de plano de trabalho e ação para 2025.
A implantação de parques eólicos para as chamadas energias renováveis tem apresentado um lado extremamente prejudicial para a população e meio ambiente da região do Nordeste, especialmente a do Rio Grande do Norte, estado onde a maioria dos equipamentos estão sendo instalados. Além das devastações e ameaças ao bioma da caatinga, as denúncias dos trabalhadores(as) e donos de terra apontam também violência, adoecimento dos trabalhadores(as), exploração sexual e contratos sigilosos de arrendamento de terras.
"Em 2025 o debate ambiental está em evidência mundial, nas redes sociais e na sociedade, com a realização da COP 30, que acontece em Belém. E nós que fazemos a defesa dos direitos esperamos levar para COP30 o trabalho de resistência e de proteção ambiental que tem sido feito no Nordeste, em defesa do bioma caatinga e das pessoas que moram nas comunidades tradicionais e rurais atingidas pela degradação ambiental diante da implantação dos poarques", declarou Jandyra Uehara - secretaria nacional de políticas sociais e direitos humanos da CUT.
"Em um ano de trabalho das comissões operativas, já é possível perceber algumas mudanças do ponto de vista científico, e do avanço na comunicação e diálogo com os governos", pontua Jandyra.
As energias renováveis são aquelas que vem de recursos ou fontes de energia, naturalmente reabastecidos, como sol e o vento, alternativas sustentáveis aos combustíveis fósseis, que são limitados e contribuem para o aumento das emissões de gases de efeito estufa.
Francisco Adilson, Coordenador do Serviço de Assistência Rural - SAR no Rio Grande do Norte e defensor das comunidades tradicionais, comentou sobre a retomada dos trabalhos: "Construir uma agenda para 2025 é muito importante para a defesa dos direitos dos agricultores familiares, das comunidades rurais e de pescadores no RN, visto que a pauta exige urgência diante dos impactos e das violações que acontecem aos trabalhadores e ao meio ambiente".
A CUT juntamente com as entidades civis desde 2024 vem realizando estudos, audiências, seminários e relatórios sobre os impactos das energias renováveis no mercado de trabalho e no meio ambiente, na perspectiva de apontar soluções e fomentar a inclusão da sociedade no debate contra a degradação do meio ambiente, por justiça social e direitos dos agricultores familiares no processo da transição energética. Em setembro último, a CUT apresentou o resultado final do estudo “Transição energética: diagnóstico situacional do trabalho nas Regiões Norte e Nordeste do Brasil”. Um relatório produzido pela CUT, por meio da Secretaria Nacional de Meio Ambiente, em parceria com o Instituto de Estudos Estratégicos de Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis Zé Eduardo Dutra (Ineep), com apoio do Instituto Clima e Sociedade (iCS).
A comissão esteve também em João Pessoa(PB) para participar de oficina, e retomar a agenda de trabalho no estado sobre a transição energética. A CUT ressalta que a transição energética precisa ser justa, e que as entidades e a população não são contra a energia renovável, mas é preciso que o atual modelo passe por modificações para que não prejudique a saúde de quem lá vive e na produção de alimentos.